«Transcender o ego-self para experienciar esses estados de consciência expandida tem sido o objectivo de quem busca a espiritualidade desde tempos imemoriais. Desde as brumas da pré-história, temos tido o potencial para aceder a esses estados e as substâncias que alteram a mente e as técnicas psicoespirituais têm sido indicadores do caminho para esses domínios. Mas, enquanto que os místicos e os iniciados procuraram ao longo da história esses estados de ser extraordinários, para a grande maioria das pessoas prevaleceram as realidades mundanas da vida comum.
Agora já não.
Individual e colectivamente, começamos agora – cada um de nós – a conseguir aceder a níveis superiores de percepção. E, crucialmente, somos capazes de o fazer sem recurso às substâncias que alteram a mente e aos meios psicoespirituais dos nossos antepassados. De igual modo, nos últimos dois mil anos, houve instituições que exerceram a autoridade espiritual. Gurus ou sacerdotes, quer benévolos quer malévolos, foram considerados como fontes privilegiadas do Espírito.
Agora já não.
Ao corporizarmos as energias do oitavo chacra, é-nos dada acreditação para a nossa própria espiritualidade e aceder à integridade de quem realmente somos.
Embora possamos continuar a caminhar a par com os nossos companheiros de viagem na tradição espiritual que escolhermos, também podemos trilhar o percurso interior que é só nosso – e que, no entanto, conduz ao nosso destino comum.
O subconsciente colectivo
Na sua investigação sobre estados alterados de consciência, o psicólogo Carl Jung identificou uma percepção de grupo imensa à qual todos temos acesso. Chamou-lhe o "subconsciente colectivo" e entendeu-o como sendo o arquivo de todo o nosso património cultural e histórico.
Jung identificou também princípios criativos primitivos que designou por "arquétipos", cujas essências impregnam o subconsciente colectivo e que encontram, portanto, expressão tanto nas vidas individuais como na humanidade em geral.
Esses arquétipos constituem os panteões de divindades em todo o mundo. Embora os entendamos de formas culturalmente específicas, a sua natureza inata é genérica e a sua orientação e presença comum a todos nós.
Ao expandirmos a nossa percepção para além do ego-self, acedemos ao subconsciente colectivo e aos domínios dos seres arquetípicos. Ao fazê-lo, começamos não só a percepcionar como também a experienciar directamente que as fronteiras entre a nossa psique e o Cosmos são, no essencial, arbitrárias.
Nesses estados de sensibilização, não só conseguimos aceder ao conhecimento através do espaço e do tempo, como experienciar numa base não local que viaja para além do mundo da manifestação. Podemos obter informações que parecem ser memórias de outras vidas ou podemo-nos identificar com outros seres – animais, árvores, montanhas e rios – e apercebermo-nos intimamente de que também eles são sencientes.
Como Jung descobriu igualmente, esses estados podem apresentar informações novas e precisas que não podem ser obtidas pelos meios até agora à disposição da nossa mente assente no ego. Por exemplo, quando os investigadores perguntaram aos curadores xamânicos da Bacia Amazónica, o maior repositório de plantas medicinais do mundo, como tinham adquirido o seu conhecimento enciclopédico das propriedades das plantas, eles responderam, "As plantas disseram-nos". Os antropólogos, que durante várias gerações aplicaram uma visão do mundo materialista à sua investigação, começam a descobrir esses conhecimentos metafísicos empreendendo as mesmas buscas visionárias que os povos primitivos cujas culturas estudam.
O que transparece de todos os relatos dessas experiências é que, apesar de os arquétipos serem pontes para a Origem fundamental de toda a criação, não são a própria Origem. Confundi-los com a Origem tem sido o percurso histórico para a idolatria, a divisão e a desacreditação. Mas entendê-los como uma parte real de uma consciência holográfica quase infinita permite que todas as limitações culturais sejam transcendidas e que seja atingida uma maior consciencialização do Cosmos e do nosso lugar nele.
Em última análise, na fronteira da percepção humana, existe um nível de consciência que abrange todas as polaridades. Toda a gente que a experienciou directamente reconhece que a sua descrição excede o poder da linguagem – um campo inefável de mente pura, amor incondicional e poder criativo. A música sublime permite-nos um vislumbre mais nítido da mesma do que as palavras, por mais poéticas que sejam. A visão da Natureza na sua plena glória oferece-nos outro. Mas a linguagem que ressoa a níveis de percepção cada vez mais elevados é a do amor – não as palavras que procuram descrever o amor, mas os sentimentos Íntimos que não deixam dúvidas quando à sua realidade. E não os sentimentos que procuram julgar ou condicionar o amor, mas os sentimentos que o libertam.
À medida que a nossa percepção se expande, podemos optar por nos fundirmos nessa consciência, testemunhá-la com bem-aventurada reverência ou acolhê-la como a Amada do nosso coração, mente e vontade.»
in "O 8º. Chacra", de Jude Currivan